© Odair Leal / WWF-Brasil
Tecnologias
para Conservação

Monitorar e proteger vastas áreas protegidas e animais selvagens com recursos limitados e pequenas equipes é um grande desafio no Brasil e em muitos outros países ricos em florestas tropicais. Graças aos avanços tecnológicos dos últimos anos, os dados de monitoramento de campo podem ser coletados com mais facilidade e melhor gerenciados com o uso de Tecnologias para conservação como drones, sensores ambientais, armadilhas fotográficas, aplicativos móveis e outras ferramentas.

O termo Tecnologias para conservação abrange amplamente as ferramentas, técnicas e plataformas emergentes usadas para compreender e proteger a natureza e seus recursos. As tecnologias para conservação  fornecem ferramentas essenciais para coletar mais e melhores dados e para melhorar o monitoramento da biodiversidade, habitats e ameaças auxiliando assim nas decisões de manejo. 

O monitoramento também é parte integrante dos acordos de política internacional relacionados à biodiversidade, como as Metas de Biodiversidade de Aichi da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas. A tecnologia também pode fornecer ferramentas para auxiliar as ações de conservação em campo, incluindo o combate a atividades ilegais que ameaçam a biodiversidade ou a redução da poluição, especialmente se tais tecnologias forem usadas de forma participativa, capacitando as comunidades locais a monitorar e conservar os recursos naturais dos quais dependem.  

Embora as tecnologias para conservação não conservem a biodiversidade por si só, tecnologias como satélite, drones e outros sensores já estão sendo implantados e quando bem usadas têm grande potencial de contribuir com a conservação e manejo das áreas protegidas. Nas próximas seções apresentamos algumas tecnologias para conservação e exemplos de suas aplicações para apoiar a gestão, monitoramento e proteção de áreas protegidas, explore nossos recursos para saber mais. 

Embora os dados de satélite possam fornecer um quadro em larga escala das mudanças contemporâneas nos continentes e oceanos, a resolução espacial dos dados, ou o momento da coleta dos dados, ou a qualidade influenciada por nuvens ou atmosfera, podem não atender às necessidades específicas de investigação ou gestão para determinado local. Muitos dos problemas de gestão relacionados a uma única espécie ou a áreas de habitats sensíveis requerem dados de melhor resolução espacial e temporal, e em muitos casos o uso de Drones pode ser uma estratégia mais flexível e eficiente para complementar as informações obtidas por satélite. 

No contexto da conservação e da ciência, drones são plataformas aéreas leves que podem ser adquiridas prontas para uso ou montadas e personalizadas pelo usuário, além de equipadas com sensores integrados, como câmeras ou scanners a laser. Com menos frequência, a plataforma é adquirida sem sensores integrados e é adaptada para transportá-los com diferentes fins, como imagens termográficas para a detecção de animais noturnos ou sensores multiespectrais, ou hiperespectrais para uso em aplicações ligadas a análises e estudos da vegetação.

A flexibilidade dos drones significa que o cronograma, resolução e dimensão dos mapeamentos podem ser totalmente controlados pelo usuário, oferecendo benefícios significativos quando comparados a outras ferramentas de sensoriamento remoto, principalmente quando variáveis ambientais e de clima prejudicam a coleta a partir de plataformas espaciais ou aéreas.

Apresentamos a seguir uma série de materiais que esclarecem as principais considerações associadas ao uso de drones especificamente na conservação e ecologia, e as questões decorrentes relacionadas às informações coletadas por eles. Explore nossos recursos para obter informações que te ajudarão a usar Drones para apoiar a conservação, proteção e manejo das áreas protegidas e sua biodiversidade.  
 




 

Armadilhas fotográficas surgiram como uma ferramenta poderosa para conservação e pesquisa ecológicas. A armadilha fotográfica moderna é basicamente uma câmera digital conectada a um sensor infravermelho que pode “ver” objetos quentes em movimento, como animais.Quando um animal passa pelo sensor, faz com que a câmera dispare, gravando uma imagem ou vídeo no cartão de memória para recuperação posterior.

As armadilhas fotográficas podem ser deixadas no campo para observar continuamente uma área do habitat por semanas ou até meses, registrando os eventos mais raros que ocorrem na natureza. Elas também fornecem dados sobre a localização das espécies, tamanhos das populações e como as espécies estão interagindo. Eles também nos ajudam a entender como humanos e animais interagem entre si e com outras formas de vida selvagem.

Armadilhas fotográficas estão sendo usadas para uma diversidade de propósitos, incluindo monitoramento de populações de animais selvagens, vigilância de áreas protegidas e captura de imagens e vídeos cativantes para engajamento público e ciência cidadã. 

Apesar do grande potencial dessas ferramentas, há uma série de desafios significativos envolvidos em trabalhar com elas. Isso pode ser frustrante para os usuários inexperientes da tecnologia e pode levar ao desperdício de tempo e recursos.  Parte do desafio é fazer a triagem, e classificação das fotos bem como a gestão e armazenamento dos dados. Contudo já existem plataformas de gestão de dados que utilizam inteligência artificial para acelerar o processo de triagem e organização das fotos obtidas com as armadilhas fotográficas.

Uma dessas iniciativas é o WildlifeInsights, um esforço conjunto de várias organizações, dentre elas o WWF, que busca facilitar o processo de classificação, gestão e análises de dados oriundos de armadilhas fotográficas. 

A iniciativa também espera poder unir dados de diversas partes do mundo e milhares de armadilhas fotográficas, num esforço coletivo de análise de dados em escala global, para apoiar as tomadas de decisão ligadas a conservação de inúmeras espécies animais. Apesar do grande potencial das armadilhas fotográficas, há uma série de desafios significativos envolvidos em trabalhar com elas. Isso pode ser frustrante para os usuários inexperientes da tecnologia e pode levar ao desperdício de tempo e recursos. 

Explore nossos recursos para obter informações que te ajudarão a usar Armadilhas fotográficas para apoiar a conservação de espécies e gestão de áreas protegidas:


 

Hoje em dia, graças à tecnologia, os dados de monitoramento de campo podem ser coletados com mais facilidade usando dispositivos móveis como aparelhos celulares, bem como melhores gerenciados com o monitoramento e ferramentas de analises espacial como a SMART, que otimiza a coleta e o uso de dados sobre as áreas protegidas.

A SMART (da sigla em inglês Spatial Monitoring and Report Tool – “Ferramenta de Monitoramento Espacial e Análises”, em português) é um software gratuito e de código aberto desenvolvido por agências e organizações de conservação ao redor globo preocupadas em melhorar a eficácia da gestão e proteção de áreas protegidas. Por meio desta ferramenta, é possível coletar, armazenar, comunicar e analisar dados sobre biodiversidade, assim como sobre atividades ilegais, rotas de patrulha e ações de gerenciamento para melhor uso dos recursos.  

 A SMART possibilita que diversas atividades de campo sejam catalogadas, possibilitando alertas em tempo real, o registro de vários tipos de informação em uma mesma base de dados e um olhar mais apurado para os problemas e ocorrências de determinada área. Informações como o tempo gasto em saídas de campo, áreas percorridas e distâncias, armadilhas removidas e infrações, por exemplo, podem ser registradas na SMART e ficar disponíveis para os técnicos e gestores envolvidos naquela ação.

O SMART também deu origem a uma abordagem específica, que reúne bases de dados, capacitações e um conjunto de padrões de proteção e conservação. Em todo o mundo, cerca de 600 áreas protegidas, em 55 países, têm utilizado essa ferramenta, que já possui cerca de 10 anos de uso e experiencia acumulada. A ferramenta gratuita está disponível em diversos idiomas, em 2019 o WWF –Brasil realizou a adaptação e tradução da ferramenta para o português.

Desde então temos nos empenhando em divulgar e criar capacidade técnica para uso do SMART, como ferramenta para a ajudar os gestores de áreas protegidas e comunidades tradicionais a monitorarem, avaliarem e gerenciarem de forma adaptativa os esforços e atividades de patrulhamento e monitoramento, colaborando para gestão mais eficiente desses territórios. 

Explore os recursos a seguir para conhecer mais e baixar gratuitamente a SMART. 

Baixe o SMART

As tecnologias de sensoriamento remoto são uma das ferramentas mais importantes para monitorar mudanças ambientais em escala e, nas últimas décadas, revolucionaram a conservação e a pesquisa ambiental de inúmeras maneiras.

O sensoriamento remoto pode ser definido de maneira mais simplista como a coleta de informações de um objeto à distância, geralmente por meio de aeronaves ou satélites. As informações podem ser obtidas através de radiação eletromagnética, gerada por fontes naturais (sensor passivo), como o Sol, ou por fontes artificiais (sensor ativo), como o radar.

uitas formas de dados podem ser obtidas a partir do  sensoriamento remoto, incluindo imagens de satélite, imagens aéreas e LiDAR. O sensoriamento remoto por satélite é uma ferramenta padrão para apoiar o monitoramento em grande escala da condição dos ecossistemas e habitats, bem como para detectar ameaças à biodiversidade em biomas terrestres e marinhos. Detecção e alcance de luz (LiDAR) usa lasers para determinar a estrutura tridimensional precisa de um objeto.

Os dados LIDAR podem ser usados para estimar os estoques de carbono, risco de inundação, erosão e a adequação do habitat para a vida selvagem. Imagens de satélite e LiDAR também podem ser usados em conjunto uns com os outros e junto com outros dados de sensoriamento remoto para produzir novas percepções não visíveis com apenas um conjunto de dados.

Explore nossos recursos para obter informações que te ajudarão a usar ferramentas de sensoriamento remoto para apoiar a conservação de espécies e gestão de áreas protegidas.    


 
 

Existem diversas outras tecnologias para conservação e sensores que podem ser usados para apoiar a conservação e proteção de áreas protegidas.  Sensores acústicos remotos por exemplo podem ser implantados no campo por muitas semanas ou meses, coletando gravações da vida selvagem e seus arredores de forma não invasiva.

Estes podem ser analisados para fornecer informações sobre a distribuição das espécies, comportamento e populações, para construir uma imagem das comunidades de animais vocalizando em uma área de pesquisa e para compreender a relação entre os animais e seu ambiente acústico (a "paisagem sonora").

Essas abordagens são cada vez mais usadas na conservação aplicada, para monitorar espécies ameaçadas, entender o uso do habitat e ouvir sons associados a atividades ilegais, como tiros e ruídos de motosserra. 

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