The WWF is run at a local level by the following offices...
- WWF Global
- Adria
- Argentina
- Armenia
- AsiaPacific
- Australia
- Austria
- Azerbaijan
- Belgium
- Bhutan
- Bolivia
- Borneo
- Brazil
- Bulgaria
- Cambodia
- Cameroon
- Canada
- Caucasus
- Central African Republic
- Central America
- Chile
- China
- Colombia
- Croatia
- Democratic Republic of the Congo
- Denmark
- Ecuador
- European Policy Office
- Finland
Mangue ou mangal é uma formação vegetal de regiões alagadiças e ocorre apenas em regiões tropicais ou subtropicais no encontro entre o rio e o mar. É facilmente reconhecido pelas árvores com raízes expostas e solo lamacento
Usamos o termo manguezal ou mangal quando nos referimos ao ecossistema formado pelo encontro do ambiente terrestre e o marinho. Dessa formação surge um sistema único que mistura água doce com água salgada que resulta em um ecossistema com uma abundante biodiversidade, complexo e sensível ao mesmo tempo, o que evita processos de erosão e assoreamento de praias, protegendo milhares de pessoas que vivem em áreas costeiras. Além disso, o mangue tem importante contribuição econômica para o turismo e pesca artesanal.
No Brasil, apenas o estado do Rio Grande do Sul não tem formação típica de mangue
Um estudo publicado em 2015 estima que os serviços dos ecossistemas manguezais sejam equivalentes a US$ 33-57mil/ha/ano para as economias nacionais dos países em desenvolvimento que hospedam manguezais (Hoegh-Guldberg, et al. 2015).
Só no estado do Pará, a pesca relacionada aos manguezais movimenta mais de R$260 mi - ou seja, 34% do total pescado no estado em 2011 (CSF, 2018)
Além disso, os manguezais são um dos ecossistemas com maior capacidade de captação e armazenamento de carbono, reduzindo os efeitos das mudanças climáticas. Por outro lado, uma pesquisa publicada em 2018 mostrou que uma área de mangue desmatada emite dez vezes mais CO2 que o desmatamento em áreas continentais (como a caatinga, por exemplo). O estudo aponta que o carbono se acumula principalmente nas raízes das espécies do mangue (KAUFFMAN et al., 2018a).
O Atlas dos Manguezais do Brasil aponta que a costa amazônica possui 80% da cobertura brasileira de mangues. Lá estão 16 Resex (Reservas Extrativistas), três TIs (Terras Indígenas) e territórios quilombolas (ICMBio, 2018) que, juntos, formam a maior reserva de mangues da América do Sul.
Com a intensa e necessária dinâmica das marés, a formação vegetal do manguezal pode ser subdividida em três categorias:
-
Mangue-vermelho (Rhizophora mangle) – É a formação vegetal que se encontra mais próxima ao curso d’água. Suas raízes ficam a maior parte do tempo submersas.
-
Mangue-preto, siriúba, seriba (Avicennia schauriana) – É uma espécie de tronco de cor castanho-calara que possuí raízes expostas ao ar que sustentam a árvore. Essa adaptação é necessária para a vida no solo lamacento e com pouco oxigênio do mangue. Intercala momentos submersa e exposta, dependendo da maré e está localizada na franja do manguezal e ao longo dos rios.
-
Mangue-branco, tinteira (Laguncularia racemosa) – É a formação vegetal mais distante do curso d´água. As raízes do mangue-branco são semelhantes às do mangue-preto, porém com pneumatóforos (tipo de raiz exposta e adaptada para troca de oxigênio) menos desenvolvidas e em menor número.
O mangue é um dos sistemas com maior biodiversidade que se tem conhecimento. Abriga mamíferos, répteis, crustáceos, aves, mamíferos marinhos, peixes, muitos insetos e outros
Pescada amarela, camarões e caranguejos também dependem dos mangues em seu ciclo de vida. Além disso, fazem parte da alimentação de milhares de pessoas todos os anos e são importantes para as economias locais
O mangue é um berçário de vida marinha. Muitas espécies de peixes, como o robalo, o mero e a garoupa, usam as regiões de mangue para a desova e crescimento de seus filhotes
AMEAÇAS
Apesar da importância econômica, para o sequestro de carbono, para a biodiversidade e para a evitar o assoreamento das praias os manguezais do Brasil sofrem com o desmatamento e a ameaça constante de desastres ambientais, como o ocorrido em 2019 com o vazamento de óleo.
No NE e no SE, o desmatamento nos manguezais pode chegar a até 40%. Os remanescentes estão ameaçados por especulação imobiliária e avanço das fazendas de camarão (ICMBIO, 2018)
O vazamento de óleo que atingiu a costa do Nordeste em 2019 também impactou diretamente áreas importantes de mangue. Um dos vários locais afetados foi a foz do rio Massagana na cidade de Cabo de Santo Agostinho. O óleo encobriu as raízes do mangue do local, sufocando as árvores. Também há relatos de tocas de caranguejos cobertas por óleo.
O vazamento de óleo que atingiu a costa do Nordeste em 2019 também impactou diretamente áreas importantes de mangue. Um dos vários locais afetados foi a foz do rio Massagana na cidade de Cabo de Santo Agostinho. O óleo encobriu as raízes do mangue do local, sufocando as árvores. Também há relatos de tocas de caranguejos cobertas por óleo.
Até hoje, não há clareza sobre o tamanho do impacto que o vazamento de óleo causou no meio ambiente
Em resposta emergencial a essa tragédia, o WWF-Brasil forneceu EPIs adequados para este tipo de situação aos voluntários que atuaram na remoção do petróleo cru, o que ajuda a resolver apenas a emergência. Precisamos entender os impactos a médio e longo prazo com estudos científicos e pesquisas. Com base no resultado destas análises poderemos direcionar os esforços de restauração do ecossistema marinho atingido.
DELTA DO PARANAÍBA
O projeto Asas para o Delta, desenvolvido na Resex Marinha do Delta do Parnaíba, tem como objetivos:
-
Promover processos de mobilização, pesquisa-ação e fortalecimento do protagonismo das organizações sociais na gestão participativa da unidade de conservação
-
Mobilizar e formar grupos de Jovens Comunicadores Comunitários do Delta, para produção de conteúdos informativos, educacionais e de comunicação para o melhor exercício da cidadania, integração social
O projeto teve início em março de 2019 pela Amar Delta (Instituição que reúne todas Associações da Resex Marinha do Delta do Parnaíba) em parceria com o WWF-Brasil, ICMBio, Universidade Federal Delta do Parnaíba, colônia Z-&, Instituto Tamanduá do Brasil, CPP e APA do Delta do Parnaíba.
Criada em 2000, a Reserva Extrativista Marinha do Delta do Parnaíba fica na cidade de Parnaíba, no Piauí, na divisa com o Maranhão. É formada pela ilha das Canárias, segunda maior do Delta e conta com cinco povoados (Canárias, Passarinho, Caiçara, Torto e Morro do Meio) e abriga aproximadamente 3 mil habitantes, que vivem basicamente da pesca, da cata do caranguejo, extrativismo vegetal e da agricultura em pequena escala.
CONEXÃO ABROLHOS
O WWF-Brasil é um dos membros da Conexão-Abrolhos, uma mobilização em defesa de uma Abrolhos e mangues próximos sem exploração de petróleo.
Em setembro de 2019, uma petição liderada pela ativista ambiental Tamires Felipe Alcântara pela plataforma Change.org, e apoiada pela Conexão-Abrolhos mobilizou mais de 1,2 milhão de assinaturas.
O movimento gerou pressão e nenhuma empresa ofereceu lances no leilão, que previa a inclusão de quatro blocos de exploração de petróleo e gás na bacia de Camamu-Alamada, próximo a região de Abrolhos e cuja rota de um possível desastre ambiental inclui os mangues da região Nordeste.
Entre as ações desenvolvidas, destacamos os relatórios enviados às empresas de iniciativa privada e o poder público sobre os riscos da exploração de petróleo na região. Fazem parte da Conexão-Abrolhos o WWF-Brasil, a Conservação Internacional, a Rare-Brasil e a SOS Mata Atlântica.
JUNTE-SE A NÓS EM DEFESA DOS MANGUES
clique aquiO mangue normalmente é motivo de orgulho para as pessoas que vivem nele e influencia diretamente na cultura local. Podemos citar três estilos musicais que representam a essência do mangue são eles o Carimbó, o Tambor de Crioula e o Cacuriá.
Estes estilos músicas são conhecidos por destacar a descrição do ambiental natural, atividades tradicionais, pesca e outros costumes locais. Mestre Lucindo, é considerado um mestre de carimbó, e deu nome à RESEX Marinha de Mestre Lucindo no Pará, uma das maiores reservas extrativistas do Brasil.
O mangue também influenciou grande parte das músicas de Chico Science, fundador da banda Nação Zumbi que fez muito sucesso nos anos 90
Além disso a culinária do mangue nos trouxe o camarão, casquinha de siri, caranguejo, bobós e pirão. Sem contar os frutos, temperos e estilos de culinária únicos.
O mangue também é o “lar” de folclores tradicionais brasileiros. No Pará, a Matinta-Pereira, Boiúna e Mãe-do-Caranguejo, são conhecidas como entidades protetoras dos pescadores do mangue. Quando elas estão presentes fazem com que aqueles que maltratam o mangue se percam no caminho de volta para casa.
Na Bahia, a orixá Nanã é a personificada por uma mulher de idade e representa a fertilidade da vida selvagem do mangue. Segundo a cultura local, é ela quem protege os caranguejos na época da reprodução, também conhecida como “andada”, período que as fêmeas se deslocam em grandes e lentos grupos sob a lama. A captura do caranguejo durante o acasalamento é proibida por lei.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DONATO, D. C., KAUFFMAN, J. B., MURDIYARSO, D., KURNIANTO, S., STIDHAM, M., & KANNINEN, M. (2011). Mangroves among the most carbon-rich forests in the tropics. Nature geoscience, 4(5), 293-297. - https://www.nature.com/articles/ngeo1123?words=breivik
HOEGH-GULDBERG, O. et al. 2015.Reviving the Ocean Economy: the case for action - 2015. WWF International, Gland, Switzerland., Geneva, 60 pp. - https://www.worldwildlife.org/publications/reviving-the-oceans-economy-the-case-for-action-2015
ICMBio (2018). Atlas dos Manguezais Brasileiros - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Brasília, 176 p. ISBN 978-85-61842-75-8. - https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/manguezais/atlas_dos_manguezais_do_brasil.pdf
KAUFFMAN, J. B, ARIFANTI, V. B., HERNÁNDEZ TREJO, H., DEL CARMEN JESÚS GARCÍA, M., NORFOLK, J., CIFUENTES, M., ... & MURDIYARSO, D. (2017). The jumbo carbon footprint of a shrimp:
carbon losses from mangrove deforestation. Frontiers in Ecology and the Environment, 15(4), 183-188. - https://esajournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/fee.1482
KAUFFMAN, J. B., BERNARDINO, A. F., FERREIRA, T. O., GIOVANNONI, L. R., DE O. GOMES, L. E., ROMERO, D. J., ... & RUIZ, F. (2018). Carbon stocks of mangroves and salt marshes of the Amazon region, Brazil. Biology letters, 14(9), 20180208. - https://royalsocietypublishing.org/doi/full/10.1098/rsbl.2018.0208
CSF. (2018) – Gasparinetti, P.; Jericó-Daminello, C.; Seehusen, S. E.; Vilela, T. - Os valores dos serviços ecossistêmicos dos manguezais brasileiros, instrumentos econômicos para a sua conservação e o estudo de caso do Salgado Paraense. Conservation Strategy Fund (CSF), Brasília, DF - https://www.funbio.org.br/wp-content/uploads/2018/04/Os_valores_dos_servicos_ecossistemicos_dos_manguezais_brasileiros.pdf