Os peixes-bois são mamíferos aquáticos da ordem dos sirênios. O nome foi escolhido por causa do canto desses animais, que fez com que navegadores o associassem às mitológicas sereias.

Existem quatro espécies de peixe-boi no mundo, e uma delas vive apenas em água doce, aqui no Brasil, mais especificamente na Amazônia.

O peixe-boi-da-Amazônia, como é conhecido o Trichechus inunguis, é o menor dos peixes-bois e originalmente ocorria em toda a bacia dos rios Amazonas e Orinoco, chegando à Venezuela e à Colômbia. No entanto, esses animais despertam o interesse de caçadores por sua carne farta e seu óleo. A caça ao longo dos anos diminuiu consideravelmente sua população.

Gordurinhas acumuladas

O peixe-boi-da-Amazônia é um mamífero herbívoro – ou seja, se alimenta apenas de algas, aguapés e capim aquático. Mas de plantinha em plantinha, o peixe-boi chega a pesar 300kg e a medir 2,5m.

Ele se alimenta principalmente na época chuvosa, quando há mais disponibilidade de plantas. Passa até oito horas por dia comendo e chega a consumir 10% de seu peso em um único dia. Toda essa comida é armazenada em seu corpo em forma de gordura, para suprir suas necessidades energéticas durante a estação seca, quando há menos comida.

Quando as chuvas escasseiam, o peixe-boi-da-Amazônia sai dos pequenos igarapés, onde normalmente vive sozinho, para os grandes rios, onde se junta a grupos de quatro a oito indivíduos.

Sem proteção, o último refúgio para o peixe-boi-da-Amazônia pode ser o cativeiro. 
© Paul Filmer (lynx81) / Flickr.com
Sem proteção, o último refúgio para o peixe-boi-da-Amazônia pode ser o cativeiro.
© Paul Filmer (lynx81) / Flickr.com

Sem proteção, o último refúgio para o peixe-boi-da-Amazônia pode ser o cativeiro.

Enquanto não está comendo...
O peixe-boi-da-Amazônia provavelmente está dormindo. Ele passa metade de seu dia dormindo dentro da água. Por ser um mamífero, ele precisa ir à superfície para respirar. Normalmente, respira em intervalos de um a cinco minutos, mas quando está dormindo, quietinho, consegue ficar submerso por até 25 minutos.

Enquanto seus parentes do mar, os peixes-bois marinhos, podem nadar tanto em água doce quanto em água salgada, o peixe-boi-da-Amazônia raramente se aventura em águas salgadas.

A capacidade de recuperação da população de peixes-bois é limitada devido ao seu longo ciclo reprodutivo. Cada fêmea de peixe-boi gera apenas um filhote de cada vez, com raros casos de gêmeos. Cada gestação dura 13 longos meses.

Depois que o filhote nasce, a mãe o amamenta por períodos de em média dois anos. A mamãe peixe-boi é muito zelosa: é ela quem ensina o bebê a nadar, a escolher seus alimentos e a subir à superfície para respirar. Mas todo esse cuidado significa que uma fêmea procria apenas a cada quatro anos.

Esse longo ciclo reprodutivo torna a conservação do peixe-boi-da-Amazônia ainda mais desafiadora. Além de coibir a caça e diminuir o número de mortes por acidentes com barcos, é imprescindível investir na conservação do habitat desses animais: a Amazônia.

Conheça o que o WWF-Brasil faz para proteger a Amazônia

Proximidade arriscada

Atualmente, o peixe-boi-da-Amazônia é considerado vulnerável pela União Mundial para a Natureza (IUCN) e está na lista do Ministério do Meio Ambiente de animais ameaçados de extinção. No Brasil, sua caça é proibida desde 1973, mas, por ser um animal muito dócil e curioso, que se aproxima das embarcações, é presa fácil para os caçadores e vítima de acidentes com barcos.

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