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O veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) foi descrito pela Ciência em 1758, quando suas populações alcançavam parcela muito maior nos territórios brasileiro e sul-americano. Sua distribuição faz parte dos relatos pioneiros de expedições de naturalistas e de espécimes depositados em museus.
Originalmente, ocorria em cerrados e outroas ambientes abertos do Brasil, da Bolívia, do Paraguai, do Uruguai e da Argentina. Atualmente, suas populações encontram-se restritas a porções de sua distribuição original e estão reduzidas e isoladas geograficamente. Alguns autores citam uma diminuição de 98% na sua área de distribuição.
Sua capacidade de deslocamento diário é baixa e sua maior atividade ocorre à noite. Durante o dia, é possível observá-lo em locais onde não é perseguido ou perturbado. Quando percebe algo perigoso, fica com a cabeça erguida, orelhas em pé e imóvel, pronto para disparar em grande velocidade.
Mesmo quando em abundância, o veado-campeiro vivem em
pequenos grupos que raramente excedem cinco ou seis indivíduos. Também é conhecido no Brasil como veado-branco e, em países vizinhos de língua espanhola, como ciervo de las pampas, ciervo pampero, venado pampero e venado de campo.
Ameaçado pelo avanço do desmatamento, caça e doenças transmitidas por animais de criação humana, sua sobrevivência depende da criação de unidades de conservação, públicas ou privadas, mais estudos científicos, programas de ecoturismo e/ou turismo rural em propriedades privadas onde a espécie ocorre, combate à presença de animais domésticos dentro de unidades de conservação, coibição da caça, entre outras ações.
José Mauricio Barbanti Duarte, médico veterinário com Mestrado e Doutorado em Genética, professor de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP (Jaboticabal), onde coordena o Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos e vice-coordena o Grupo de Especialistas em Cervídeos da União Internacional para Conservação da Natureza.
O veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) pesa de 30 a 40 quilos e os machos possuem chifres ramificados, geralmente com 3 pontas quando adultos. O chifre é trocado todos os anos, caindo no mês de maio, quando então emerge um novo chifre, recoberto por uma pele (velame) que se desprende quando o chifre completa o crescimento, em setembro.
Esse ciclo de chifres é regido pelos níveis de testosterona (hormônio masculino): em níveis mais baixos quando o chifre cai e em níveis mais altos quando perde o velame.
As fêmeas também têm comportamento sazonal, com os partos ocorrendo entre agosto e setembro. Os filhotes nascem pintados para auxiliar na sua camuflagem, e essas pintas são perdidas até os 4 meses de idade, quando começa o desmame.
A espécie ocupa preferencialmente áreas abertas como o cerrado ou campo. Ocorria originalmente em todo o Cerrado brasileiro, Pantanal e Campos Sulinos em numerosas populações, estimadas em dezenas de milhões de indivíduos em toda a sua área de distribuição. Hoje, estima-se que a espécie não possua mais que 100 mil indivíduos, estando ameaçada em todos os países em que ocorre (Brasil, Uruguai, Bolívia, Argentina e Paraguai).
Nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, é considerada criticamente ameaçada de extinção, com alta probabilidade de estar extinta no estado de São Paulo.
Por ser espécie diurna e ocupar locais abertos, é facilmente avistada por pessoas, dando a falsa impressão de ser muito abundante, mas todas as populações conhecidas vêm experimentando forte declínio, com exceção à população pantaneira (a maior da espécie), que não tem aparentado diminuição.
As mais sérias ameaças são a perda de habitat, mas também o compartilhamento de enfermidades com ruminantes domésticos (bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos), a caça e a perseguição por cães errantes.
© MMA
Fotos: Veado-campeiro
Créditos do mapa:
Banco de Dados das Áreas Prioritárias para Conservação (MMA 2010) e contribuições de:
- Banco de dados da Conservação Internacional
- Rodiney da Arruda Mauro
- Walfrido Thomaz
- Guilherme Mourão
- Flavio Henrique Guimarães Rodrigues
- Marcelo Lima Reis
- Banco de dados da Seplan-MT