Tanto sua designação sistemática (maximus) como seu sufixo indígena (açu) exaltam o fato de o tatu-canastra (Priodonte Maximus), ou tatuaçu ou tatu gigante, ser o maior e mais raro dos tatus existentes no mundo. Trata-se de um animal característico do Cerrado, mas que também tem incidências em outros biomas do Brasil e América Latina - embora, em menor quantidade.

Não há estimativas populacionais para a espécie, mas é notório a redução da população nas últimas décadas tornando-se uma espécie vulnerável segundo listas nacionais e mundial de espécies ameaçadas de extinção. Antigamente, no Brasil, era muito visado por caçadores em busca da sua carne para alimentação e sua armadura, muito resistente, para fazer utensílios.

Algumas ações podem colaborar para a conservação da espécie, como, por exemplo:
  • Proteção dos habitats naturais e Unidades de Conservação onde os tatus-canastra vivem;
  • Fiscalização e controle da caça e apanha, especialmente nas Unidades de Conservação;
  • Implantação de programas de educação ambiental voltados à conservação do tatu-canastra por meio de campanhas educativas que valorizem a espécie;
  • Ampliação de pesquisas científicas para subsidiar o manejo e conservação da espécie.
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Por Fernando Ferreira de Pinho e Guilherme Braga Ferreira, da ONG Instituto Biotrópicos

O tatu-canastra (Priodontes maximus) pode chegar a 1,5m de comprimento e pesar até 60 kg, sendo que, aparentemente, os machos são maiores e mais pesados que as fêmeas. Está distribuída desde o leste dos Andes, do norte da Argentina ao noroeste da Venezuela, até a Guiana Francesa e no Brasil ocorre por praticamente toda a extensão do Cerrado (25% da sua área geográfica de ocorrência está neste ecossistema), Pantanal e Amazônia e em fragmentos mais centrais da Mata Atlântica.

Apesar de ocorrer em uma variedade de ecossistemas, ambientes abertos são habitats mais importantes para a espécie. Além de ser raro na natureza, o tatu-canastra possui hábitos noturnos e semifossoriais (passam parte do tempo abaixo do solo), o que dificulta sua visualização e estudo. De fato, o tatu-canastra é um dos mamíferos de grande porte menos conhecidos do Brasil.

Estes tatus alimentam-se predominantemente de cupins e formigas, muitas vezes fazendo suas tocas próximas às colônias destes insetos. Vestígios como cupinzeiros destruídos até o nível do solo e tocas em formato de semicírculos que podem chegar a mais de 40 cm de largura e mais de 30 cm de altura são bons indicadores da presença da espécie.

Recentemente pesquisadores propuseram o tatu-canastra como um “engenheiro do ecossistema” que, através de suas escavações, altera o ambiente físico e cria novos habitats. No pantanal, foi constatado que estas alterações no ambiente têm influência em ao menos outras 24 espécies de vertebrados. Portanto, a extinção do tatu-canastra pode resultar na simplificação ou diminuição dos habitats fossoriais, afetando negativamente espécies que dependem destes ambientes.

A espécie encontra-se nas listas nacional e mundial de espécies ameaçadas de extinção, classificada como vulnerável. A caça e a perda de habitat são as principais ameaças ao tatu-canastra, que raramente é encontrado em habitats alterados. Uma vez que a área de vida destes tatus pode ter mais de 1000 ha, a preservação de grandes porções de habitat preservado, além do combate à caça predatória, é essencial para conservação desta espécie.

© WWF-Brasil


Fotos: Tatu-canastra

Fontes de informação


Mais informações

Silveira, L.; Jácomo, A.T.A.; Furtado, M.M.; Torres, N.M.; Sollmann, R.; Vynne, C. 2009. Ecology of the Giant Armadillo (Priodontes maximus) in the Grasslands of Central Brazil. Edentata, 8-10: 25-34.

Desbiez, A.L.J.; Kluyber, D. 2013. The Role of Giant Armadillos (Priodontes maximus) as Physical Ecosystem Engineers. Biotropica, 45: 537-540.

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