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O QUE É
A Amazônia é uma floresta tropical úmida que se estende pela bacia hidrográfica do rio Amazonas, uma vasta área tropical natural, com dimensão de aproximadamente 6,74 milhões km². Ela percorre oito países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Venezuela.
Para se ter uma ideia de sua grandiosidade, se a Amazônia fosse um país, seria o sétimo maior do mundo. É nela que vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies existentes no planeta. A floresta abriga 2.500 espécies de árvores e 30 mil das cem mil espécies de plantas que existem em toda a América Latina.
Mas a Amazônia não é só floresta, é também o mundo das águas. Com mais de 6.400 quilômetros de extensão, o rio Amazonas é alimentado por muitos afluentes. Ele é também o eixo da bacia hidrográfica Amazônica e desce do alto dos Andes até o oceano Atlântico, onde deposita suas águas. As águas levadas pelo Amazonas ao mar equivalem a quase um sexto de toda a água doce que deságua nos oceanos do mundo.
Trata-se de um bioma extremamente complexo e dinâmico. A bacia hidrográfica é composta por uma variedade de paisagens e ecossistemas, que incluem florestas tropicais úmidas, florestas inundadas ou várzeas, savanas e uma rede intrincada de rios, lagos e igarapés.
Além disso, a Amazônia tem grandes estoques de madeira, borracha, castanha, peixe, minérios e outros, com baixa densidade demográfica (dois habitantes por km²) e crescente urbanização.
PORQUE É IMPORTANTE
Há muito tempo, a Floresta Amazônica é reconhecida como um repositório de serviços ecológicos, não só para os povos indígenas e as comunidades locais, mas também para o restante do mundo.
Por falar em povos indígenas, cerca de 30 milhões de pessoas vivem na região. Nessa população, incluem-se mais de 220 grupos indígenas na Amazônia brasileira, além de comunidades tradicionais que dependem dos recursos naturais para sobreviver. No entanto, apesar de habitarem uma área com uma coleção fantástica de produtos e serviços naturais, muitas das populações locais continuam vivendo em relativa pobreza.
A biodiversidade presente na região amazônica também contribui para a fabricação de medicamentos, muitos dos quais podem ser encontrados na maioria dos lares brasileiros.
Além de toda a variedade de espécies, a importância do bioma está estritamente ligada à nossa qualidade de vida: ele é responsável pela filtragem e reprocessamento da produção mundial de gás carbônico (CO2).
As árvores desempenham um papel-chave na redução dos níveis de poluição. E, à medida que as florestas são queimadas ou retiradas e o processo de aquecimento da temperatura global é intensificado, o desmatamento da Amazônia gradualmente desmonta os frágeis processos ecológicos que levaram anos para serem construídos e refinados.
- Segundo algumas estimativas, os primeiros povoamentos humanos na Amazônia aconteceram entre 32 mil e 39 mil anos atrás.
- A vazão do Amazonas corresponde a 20% da vazão conjunta de todos os rios da terra. São nessas águas que podemos encontrar o maior peixe de água doce do mundo, o pirarucu. Ele atinge até 2,5 metros de comprimento, podendo chegar a 250 quilos.
- Aproximadamente 17% da floresta amazônica original já foi destruída. Estudos apontam que se essa destruição chegar a 20% , o bioma atingirá um ponto de não retorno, perdendo a sua capacidade natural de se regenerar e se torna permanentemente degradado
PRINCIPAIS AMEAÇAS
Apesar de sua incalculável importância ambiental para o planeta (como o habitat de inúmeras espécies animais, vegetais e arbóreas, e como fonte de matérias-primas alimentares, florestais, medicinais e minerais), a Amazônia tem sido constantemente ameaçada por inúmeras atividades predatórias, entre elas a extração de madeira, a mineração, as obras de infraestrutura e a conversão da floresta em áreas para pasto e agricultura.
Por trás da destruição e da degradação ambiental da Amazônia, há uma série de problemas de ordem política, social e econômica. Entenda melhor as ameaças:
A Floresta Amazônica, tem uma função extremamente importante na redução dos níveis de poluição, como a causada pelas emissões de CO2, que se agravaram nos últimos 150 anos, com a queima de combustíveis fósseis, sendo uma das principais causas da emergência climática.
Em condições naturais, as plantas retiram o CO2 da atmosfera e o absorvem para fazer a fotossíntese. Nesse processo, as plantas obtêm o oxigênio, que é liberado novamente no ar, e o carbono, que é armazenado para permitir o crescimento das plantas. No entanto, quando as florestas são queimadas, a matéria de carbono da árvore é liberada no ar, na forma de CO2, poluindo ainda mais a atmosfera.
Uma das principais causas das queimadas é o expansão da fronteira agrícola, onde antes havia floresta tropical úmida e savanas, agora surgem pastagens para a criação de gado. A queima da vegetação normalmente ocorre depois das árvores serem derrubadas, para que o terreno fique limpo, para receber o pasto.
As culturas agrícolas que substituem as florestas absorvem apenas uma pequena fração do CO2 consumido pela floresta tropical úmida. Assim, ao mesmo tempo em que o bioma Amazônia está encolhendo lentamente em tamanho, a riqueza da vida silvestre de suas florestas também se reduz.
Perda da biodiversidade
Não é só a questão atmosférica e climática que sofre interferência com o desmatamento da floresta. A perda da biodiversidade é um dos principais impactos dessa ação. As espécies perdem seu habitat ou não conseguem sobreviver nos pequenos fragmentos florestais que restam. As populações de plantas, animais e microorganismos ficam debilitadas e eventualmente algumas podem se extinguir.Alterações no ciclo hidrológico
O desmatamento reduz os serviços hidrológicos providenciados pelas árvores, que são fundamentais. No Brasil, uma parte do vapor d’água que emana das florestas é transportada pelo vento até as regiões do Centro-Sul, onde está localizada a maior parte da atividade agrícola do país. Uma parte das chuvas que atingem a região são originárias do vapor d’água da Amazônia. Logo, a falta de chuvas traz prejuízos consideráveis para o país. Quando a redução nos índices de pluviosidade se soma à variabilidade natural que caracteriza a umidade da região, a seca resultante pode provocar grande impacto ambiental. Já se verificam incêndios nas áreas que sofrem perturbações decorrentes da extração madeireira.Impactos sociais
Com a redução das áreas verdes, as pessoas têm menos possibilidades de usufruir dos benefícios dos recursos naturais que esses ecossistemas oferecem. Isso se traduz em mais pobreza e, em alguns casos, os povos locais podem ter a necessidade de se mudar de lugar e procurar outras áreas para garantir seu sustento.
O termo grilagem vem da descrição de uma prática antiga de envelhecer documentos forjados para conseguir a posse de determinada área de terra. Os papéis falsificados eram colocados em uma caixa com grilos. Com o passar do tempo, a ação dos insetos dava aos documentos uma aparência envelhecida.
A ocupação ilegal de terras públicas continua fundamentada no esforço para fazer documentos falsos parecerem verdadeiros. No entanto, atualmente, artifícios mais sofisticados substituem a ação dos grilos. Com o registro no cartório de títulos de imóveis, o grileiro repete o mesmo procedimento nos órgãos fundiários do governo (Incra, na esfera federal, e órgãos de controle estaduais) e perante à Receita Federal. Através do cruzamento de registros, o grileiro tenta dar uma aparência legal à fraude.
A grilagem acontece até hoje devido às deficiências encontradas no sistema de controle de terras no Brasil. Apesar das diversas propostas, o governo ainda não implementou um registro único de terras ou ao menos um cadastro específico para as grandes propriedades. Também não há articulação e cruzamento de dados entre os órgãos fundiários nos três níveis de governo (federal, estadual e municipal).
Some-se a isso a existência de diversos títulos de propriedade para uma mesma área e fiscalização ineficiente junto aos Cartórios de Registro Imobiliário. É assim que se multiplicam as terras de papel e chega-se a uma situação na qual as propriedades privadas podem ter uma dimensão maior do que a própria Amazônia.
Tanto o desmatamento como a degradação passaram a ameaçar ativamente as Unidades de Conservação e outras áreas que deveriam ser preservadas, assim como as áreas de campos naturais, cerrados e regiões nas quais estão assentados pequenos produtores.
Existem hoje pelo menos três grandes desafios no que se refere ao desmatamento e degradação florestal:
como incentivar modelos produtivos de valorização da economia verde capazes de incentivar uma quantidade de recomposição florestal equivalente ao desmatamento legal e controlado que ocorra na região;
como estimular boas práticas nas atividades promotoras de desmatamento e degradação florestal em larga escala na Amazônia como é o caso, respectivamente, da pecuária e da exploração de madeira;
e como monitorar efetivamente o desmatamento e degradação em uma escala mais apropriada, como no caso das pequenas propriedades e nos assentamentos rurais.
ESPÉCIES DO BIOMA
Da jiboia às formigas cortadeiras, passando pela piranha-vermelha, a vida silvestre da Amazônia existe em todas as formas e tamanhos. Seja nas alturas das copas das árvores da floresta tropical ou lá embaixo, no subsolo, a Amazônia é abundante em formas de vida.
Até o momento, já foram encontradas cerca de 40 mil espécies vegetais, 427 mamíferos (como a onça-pintada, o tamanduá e a ariranha), 1.300 aves (como a harpia ou gavião-real, o tucano e a cigana), 378 répteis (como a jiboia e a jararaca), mais de 400 anfíbios (como os sapos venenosos conhecidos como flecha-de-veneno) e aproximadamente 3 mil peixes de água doce, inclusive a piranha. Esses números são ainda mais impressionantes quando se referem às menores formas de vida: só no Brasil, os cientistas já fizeram a descrição de cerca de 100 mil espécies de invertebrados.
Mas por que tanta diversidade em um único lugar? Considere a vida no Ártico: as condições climáticas são intensas (é muito frio e há muito vento), a comida é escassa e é difícil encontrar lugares para se proteger dos predadores. Logo, não é difícil perceber que o Ártico não é o ambiente em que a vida silvestre pode florescer com mais facilidade.
Façamos agora um contraste com os trópicos: o clima é quente, mas suportável, a caça e a pesca são abundantes e existem vários ecossistemas onde a vida silvestre pode viver. Ao longo do tempo, esses fatores possibilitaram a adaptação das espécies às diferentes condições de vida e o desenvolvimento de habitats especializados, o que resultou na enorme riqueza de espécies em lugares como a Bacia Amazônica.
Entre os animais, o protagonista de muitas lendas da Amazônia é o boto-cor-de-rosa. Ele é também um indicador da qualidade da água e equilíbrio dos rios. Tem olhos bem pequenos e focinho alongado, mas sua simpatia não impede que ele sofra duas grandes ameaças: a pesca incidental e o isolamento das populações pela construção de hidrelétricas.
Outra espécie emblemática das matas brasileiras é a onça-pintada, o maior felino das Américas e muito importante para as ações de conservação. Por estar no topo da cadeia alimentar e necessitar de grandes áreas preservadas para sobreviver, a onça-pintada, ao mesmo tempo temida e admirada, é um indicador de qualidade ambiental. A ocorrência desses felinos em uma região indica que ele ainda oferece boas condições que permitam a sua sobrevivência. A destruição de habitats aliada à caça predatória faz com que essas populações venham sendo severamente reduzidas. É classificada pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) e pelo IBAMA como espécie vulnerável e está no apêndice I do CITES.
Pirarucu, conhecido como o gigante das águas doces, é um peixe nativo da Amazônia. Seu nome vem de dois termos indígenas: pira, "peixe", e urucum, "vermelho", devido à cor de sua cauda. Durante a seca, os peixes formam casais. Nesse período, o pirarucu macho aumenta a intensidade da coloração avermelhada nos flancos. Antes da fêmea depositar os ovos no leito do rio, o macho faz a limpeza da área e arranca, com as mandíbulas, raízes e galhos presentes no local escolhido. Em seguida, cava uma poça circular, onde a fêmea inicia a desova, para que seu companheiro possa fecundar os ovos. Durante a incubação, a fêmea permanece mais próxima do ninho, enquanto o macho nada nas redondezas para intimidar predadores que possam trazer perigo aos ovos. Os ovos eclodem após oito a 10 dias.
O pirarucu chega ao mercado em mantas, depois de passar por processo de salga ao sol. É conhecido também como o bacalhau da Amazônia devido ao sabor e qualidade da carne, quase sem espinhos. Enquanto espécie, corre risco de extinção devido à pesca predatória praticada ao longo de muitos anos, uma vez que a reprodução natural do peixe é insuficiente para repor o número de pirarucus pescados. A exploração não sustentável fez com que o IBAMA criasse, em 2004, uma Instrução Normativa que regulamenta a pesca do pirarucu na Amazônia, proibindo-a em alguns meses do ano e estabelecendo tamanhos mínimos para pesca e comercialização do peixe.
Ainda nas águas da bacia hidrográfica Amazônica, encontramos o peixe-boi-da-Amazônia. Existem quatro espécies de peixe-boi no mundo e essa é a única que vive apenas em água doce. Esses animais despertam o interesse de caçadores por sua carne farta e seu óleo. A caça ao longo dos anos diminuiu consideravelmente sua população.
O peixe-boi-da-Amazônia é um mamífero herbívoro – ou seja, se alimenta apenas de algas, aguapés e capim aquático. E a alimentação é feita principalmente na época chuvosa, quando há mais disponibilidade de plantas. Ele chega a passar até oito horas por dia comendo e pode consumir 10% de seu peso em um único dia. Toda essa comida é armazenada em seu corpo em forma de gordura, para suprir suas necessidades energéticas durante a estação seca, quando há menos comida. Quando as chuvas se tornam mais escassas, o peixe-boi-da-Amazônia sai dos pequenos igarapés, onde normalmente vive sozinho, para os grandes rios, onde se junta a grupos de quatro a oito indivíduos. Enquanto não está comendo, provavelmente está dormindo. Ele passa metade de seu dia dormindo dentro da água.
No que diz respeito às espécies vegetais, podemos destacar a monguba, também conhecida como mamorana, castanhola, cacau selvagem. Ela é uma árvore tropical e consegue sobreviver a climas úmidos e quentes. Pode chegar a 12 metros de altura e possui uma copa frondosa com flores amarelas e avermelhadas. Seu fruto tem um formato muito parecido com o cacau e suas sementes podem ser consumidas. Entre suas propriedades medicinais destacam-se seu poder antidisentérico (infecção intestinal), expectorante, adstringente (controla oleosidade), antifebril, além de possuir antioxidantes, proteínas e lipídios.
Outra árvore muito conhecida na Amazônia é a sumaúma, uma das mais altas árvores das florestas tropicais, chegando a 60 metros de altura e três metros de diâmetro do caule. Essas características deram a ela o apelido de “mãe da floresta” ou “escada para o céu”. Na floresta e sob boas condições, pode viver até 120 anos. A sumaúma prefere ambientes alagados, por isso ocorre com maior frequência em áreas de várzea e possui muita água em sua estrutura interna.
Sua raiz é chamada de sapopema e tem como principais características serem grandes, achatadas e ligadas ao tronco. Por seu tamanho, elas servem de abrigos para animais e plantas menores. Alguns povos originários batiam nas sapopemas para mandar recados, já que o golpe emite um enorme ruído que ecoa floresta adentro e servia para dar avisos como “estou chegando” ou “estou perdido”. A paina, uma espécie de algodão que envolve as sementes da sumaúma, é usada na indústria para fazer enchimento de colchões e travesseiros, assim como isolamentos térmicos. É considerada uma “prima próxima” do cupuaçu e do cacau.