Conheça mais sobre o Salto Augusto

junho, 18 2006

Depois de 180 anos da passagem do naturalista russo Langsdorff, a equipe da expedição Juruena-Apuí atinge as quedas do Salto Augusto, no rio Juruena (MT).

Depois de 180 anos da passagem do naturalista russo Langsdorff, a equipe da expedição Juruena-Apuí atinge as quedas do Salto Augusto, no rio Juruena (MT). A região é um dos marcos de uma das maiores viagens de reconhecimento da flora e fauna Amazônica, a expedição Langsdorff. O legado de sua ousadia está registrado na forma de um acervo científico de mais de duas mil peças, entre manuscritos redigidos em alemão gótico, desenhos, coleções minerais e animais.


Idealizada pelo naturalista, cônsul geral da Rússia e um apaixonado pelo Brasil, o barão Grigóry Ivanovitch Langsdorff, a expedição foi uma das pioneiras na exploração do interior do país. Com autorização do jovem Imperador D. Pedro I e uma equipe de 39 pessoas, entre artistas, botânicos, médicos, astrônomos, geógrafos e naturalistas, os viajantes partiram em 1825 de Porto Feliz às margens do rio Tiête (SP) e chegaram em 1828 à Belém (PA). Mas, as dificuldades de transpor uma das regiões mais inóspitas da Amazônia, somadas à malária, fome e trágicos acidentes, fizeram com que apenas 12 homens retornassem com vida da aventura.


Foi em Salto Augusto, depois de percorrerem um trecho de 400 quilômetros em meio à floresta e vencerem mais de 25 corredeiras no Juruena que Langsdorff, já abatido pela malária, fez um dos últimos registros em seu diário."Com a ajuda e assistência de Deus, estou vivo e posso escrever... Desde 24 de abril, passo a maior parte do dia e da noite inconsciente e entregue aos mais fantásticos sonhos". Após esse ponto da viagem o naturalista nunca mais recuperou a lucidez, falecendo 26 anos depois em Freiburg, na Alemanha.
A chegada ao Pará foi um desvio da viagem, pois o roteiro inicial era ir à barra do rio Negro (Manaus) para encontrar uma segunda equipe que seguia pelo rio Guaporé (MT).

Depois do rio Amazonas, os expedicionários pretendiam atingir o Orinoco e seguir pelas Guinas. Mas a morte do jovem artista Adrien Taunay no rio Guarporé e a doença de Langsdorff interromperam a viagem. Apesar de não terem completado todo seu ousado itinerário, foram percorridos nada menos que seis mil quilômetros em terras brasileiras.


E hoje, o mesmo Salto Augusto e suas fantásticas cachoeiras são o cenário escolhido pelos os membros da expedição Jurena-Apuí, para iniciar o contato direto com a fauna e flora do Parque Nacional do Juruena. Serão cinco dias de barco descendo as lendárias corredeiras até a barra do São Tomé. Tudo isso com o igual objetivo de registrar imagens e observar espécies locais, algumas possivelmente nunca estudadas antes. Mas, desta vez, no lugar dos frágeis batelões de madeira utilizados pelos aventureiros em 1825, os expedicionários contam com a proteção de modernos equipamentos de segurança e comunicação para começarem a seguir os passos daquela que foi considerada mundialmente como uma das mais importantes expedições científicas do século XIX.


O acervo
O acervo de Langsdorff quase foi completamente perdido e chegou a desaparecer por mais de cem anos. Mas, após a década de 30, historiadores russos encontram os manuscritos e desenhos coletados pelo barão. O resultado foi a reunião de um legado iconográfico, cartográfico e antropológico de cerca de duas mil páginas manuscritas, 300 desenhos, peças de indumentária indígena e uma série de animais empalhados.
"Este é o último acervo clássico sobre o Brasil ainda não incorporado à ciência e à cultura", escreveu o historiador Boris Komissarov. Microfilmes feitos a partir dos originais da viagem podem ser conferidos de perto no Centro da Memória, na Universidade de Campinas (Unicamp).

O último relato escrito por Langsdorff ainda lúcido foi feito no Salto Augusto
© Zig KOCH
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