Representantes do setor público e privado iniciam discussões para viabilizar o Acordo de Paris
novembro, 27 2017
Evento da União Europeia com apoio de MMA, Febraban e WWF-Brasil promove interação de setores pelo clima
*com informações da União EuropeiaTeve início, na manhã desta segunda-feira (27/11), o Fórum de Negócios Verdes UE-Brasil, em São Paulo, que entre hoje e amanhã promove encontros entre empresários brasileiros e europeus, representantes de instituições financeiras e do setor público, além de representantes da União Europeia, para discutir as etapas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, no contexto da implementação do Acordo de Paris no Brasil.
Participaram da cerimônia de abertura o embaixador da União Europeia no Brasil, João Gomes Cravinho, a Diretora do Clima da União Europeia, Yvon Slingenberg, o secretário de Mudanças do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Everton Lucero, o vice-presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Alvir Hoffmann, e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que, em seus discursos, enfatizaram a importância do evento como oportunidade criar uma plataforma que contribua para alavancar, desenvolver e consolidar negócios sustentáveis.
O embaixador João Gomes Cravinho lembrou que há dois anos, às vésperas da ratificação do Acordo de Paris, a União Europeia realizou, no Rio de Janeiro, o evento Semana do Clima: Somos Todos Responsáveis. Na ocasião, foi possível aprofundar o diálogo sobre como o Brasil e a UE poderiam atuar na questão climática, estabelecendo uma parceria estratégica que permitiu durante a conferência do clima pensar em conjunto sobre o futuro dos países para os 10 anos à frente. Agora, este fórum tem o papel de tratar da implementação do Acordo de Paris, discutindo transformações pragmáticas das economias, com o envolvimento do setor privado, que, segundo ele, é o que efetivamente fará a mudança do clima acontecer.
“Hoje, estão aqui empresas e instituições financeiras para pensar o que é necessário para isso. Sabemos que o caminho é longo, difícil, mas fundamental para essa nova realidade que está sendo construída a partir da ratificação do Acordo de Paris”, ressaltou o embaixador.
Yvon Slingenberg destacou as necessidades do momento para cumprir com os objetivos da UE em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa, para a tão esperada transformação para uma economia de baixo carbono: “Vamos precisar de tecnologias inovadoras, plataformas de cooperação, ter objetivos claros, regulações e normas focados em negócios verdes, mercados de capitais que operem bem, além de estruturas de governo adequadas com políticas que possam apoiar as mudanças”, afirmou Yvon, lembrando que os países do G20 - grupo em que o Brasil se encontra - são responsáveis por 80% da emissão de gases.
Para Everton Luceno, o Acordo de Paris abre uma nova agenda de oportunidades para a economia sustentável, com o estabelecimento de metas para uma economia de baixo carbono. “É um grande desafio por tratar-se de uma mudança de rota, rumo a uma nova economia, baseada em baixas emissões no longo prazo, sem prejuízo do desenvolvimento econômico. Temos que preparar nossa economia para receber negócios verdes. Queremos contar com o engajamento e participação de todos para o desenvolvimento sustentável do país.”
Segundo Alvir Hoffmann, a Febraban tem se envolvido em diversas iniciativas de baixo carbono, além de estar desenvolvendo estudos sobre negócios verdes. “Estamos engajados com as discussões práticas sobre iniciativas de baixo carbono e buscamos promover a internacionalização de pequenas e médias empresas com esse compromisso. Analisamos projetos e nos organizamos para atender esse mercado tão jovem, sendo que já oferecemos R$ 309 milhões em empréstimos para negócios verdes.”
Já Ilan Goldfajn destacou o fórum como uma ótima oportunidade para reunir autoridades e empresas na busca de soluções e apoios aos negócios verdes. “Há um enorme potencial no país para as finanças verdes – sistemas financeiros robustos e sustentáveis – com aplicação de análise de risco ambientais para aplicações financeiras. Os diálogos estratégicos globais contribuem para as diretrizes no arcabouço regulatório e implementação de políticas socioambientais para todo o sistema financeiro, inclusive o Banco Central.”
O WWF como parceiro
O WWF-Brasil, que já foi parceiro da UE no evento Semana do Clima, em 2015, é também um dos apoiadores na organização do Fórum. De acordo com André Nahur, coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia, atualmente há uma grande oportunidade de recursos disponíveis, mas que ainda não são acessados.
“Esses fundos estão disponíveis e poderiam ser colocados para a América Latina, em especial no Brasil, mas ainda não têm todo o seu potencial explorado. Para que isso aconteça, os projetos precisam ser melhor estruturados e conectados com a estratégia de governo. Por meio da união entre empresas e financiadores, podemos tirar essas soluções do papel e torná-las realidade”, comentou Nahur.
O primeiro dia foi composto ainda pelas mesas temáticas Tendências na NDC Brasileira e no Financiamento Climático Internacional, com Yvon Slingenberg (UE), André Nahur (WWF-Brasil) e José Alexandre Cavalcanti Vasco (CVM), e Modelos de Negócios Emergentes nos Setores Chave da NDC, com Plinio Ribeiro (Biofílica), João Lampreia (Carbon Trust Brasil) e Paulo Todaro (Albion Capital). A moderação foi de Gustavo Pimental (Sitawi).
Os trabalhos do fórum continuam até o final da tarde de amanhã (28/11), no Hotel Renaissance, em São Paulo. A programação inclui mesas-redondas com investidores e reuniões bilaterais sobre agricultura de baixo carbono, restauração florestal, eficiência energética, bioenergia, geração de energia solar.