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A conservação do Cerrado depende de como usamos a sua biodiversidade. Tanta riqueza pode e deve ser usada, mas é preciso que ela também sirva às novas gerações que vem por aí. No Cerrado, existem povos e comunidades tradicionais que há milhares de anos utilizam seus recursos, como o pequi, o babaçu e o baru, entre muitas outras árvores frutíferas, para produção de polpa, óleo, cosméticos e artesanatos para geração de renda. É o caso de indígenas, extrativistas, quilombolas, entre outros. Não precisa destruir o Cerrado para servir-se de todo o seu potencial. De pé, o Cerrado vale mais.
Proteger as áreas de Cerrado que ainda existem é garantia de água, alimentos, medicamentos e tantos outros benefícios. Hoje, apenas 8% do Cerrado é considerado por lei unidades de conservação, sendo que destes 3% são de proteção integral.
Ações e resultados
O Cerrado é uma das 35 áreas prioritárias pela Rede WWF para conservação do planeta. Por isso, iniciamos na década de 90 um trabalho no bioma, em busca da diminuição dos impactos da produção, da melhoria da gestão dos sistemas de produção ambiental e do planejamento da ocupação do bioma. Há iniciativas ainda para a valorização de cadeias produtivas com boas práticas agrícolas e melhoria da efetividade de conservação das Unidades de Conservação, tanto públicas como privadas.
Por meio do Programa Cerrado Pantanal, o WWF-Brasil desenvolve o Projeto Sertões, desde 2010, com foco de atuação no Mosaico de Áreas Protegidas Sertão Veredas Peruaçu. Trata-se de uma das áreas mais preservadas em termos ambientais dentro do Cerrado. São mais de 1 ,8 milhão de hectares em diversos tipos de Unidades de Conservação: de proteção integral e uso sustentável, que incluem áreas quilombolas e terras indígenas Xacriabás, em 11 municípios no norte/noroeste de Minas Gerais e um no sudoeste da Bahia.
Desde o início, nosso objetivo foi orientar o processo de desenvolvimento sustentável no Cerrado para conciliar a produção de fibras, alimentos, grãos e energia com a defesa e conservação da diversidade biológica e cultural do bioma. Os impactos esperados visam a conservação e o fortalecimento da realidade econômica e socioambiental no Mosaico Sertão Veredas Peruaçu. O conjunto dessas ações beneficia diretamente as populações locais e espécies ameaçadas de extinção.
Para desenvolver as ações no Mosaico, o WWF Brasil conta com uma gama de parceiros, entre órgãos governamentais, ONGs e organizações da sociedade civil.
O foco das atividades do projeto são:
- Extrativismo Vegetal Sustentável: Três cooperativas agroextrativistas apoiadas, mais de 2200 famílias beneficiadas, mais de 200 comunidades atendidas, 10 tipos de frutos nativos processados e beneficiados e aproximadamente 500 toneladas de frutos do Cerrado produzidos anualmente;
- Monitoramento de Espécies: mais de 240 vídeos capturados, 34 espécies registradas, sendo seis ameaçadas de extinção, como o Cachorro-Vinagre e o Lobo-Guará de coloração negra;
- Planejamento Territorial: mapeamento do uso do solo, mapeamento do extrativismo e apoio na implementação do Cadastro Ambiental Rural dos pequenos produtores;
- Gestão Integrada das Unidades de Conservação e Áreas Legalmente Protegidas: avaliação da efetividade de gestão de 10 UCs em Goiás e 69 em Minas Gerais, além de três capacitações em gestão e implementação de UCs;
- Boas Práticas Produtivas: apoio técnico para o desenvolvimento de produção de pecuária sustentável e criação de escola família agrícola, que prima pela sustentabilidade como eixo norteador de sua metodologia.