NASA confirma: 2016 foi o ano mais quente da história
janeiro, 18 2017
Declaração coincide com anúncio dos EUA de aportar 500 bilhões para o Green Climate Fund
A Agência Espacial Americana (NASA) e a Agência Oceânica Americana confirmaram nesta quarta-feira, 18 de janeiro, que o ano de 2016 foi o mais quente da história. Apenas um dia antes, o Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou uma contribuição de US $ 500 milhões para o Green Climate Fund (GCF), uma iniciativa que tem como intuito financiar a transição para a economia de baixo carbono em países em desenvolvimento. O Brasil, que poderia ser um dos beneficiários do GCF, ainda não efetuou os trâmites necessários para acessar o fundo.O anúncio da NASA confirmou o que já era previsto. No primeiro semestre do ano, todos os meses bateram seu respectivo recorde de mês mais quente da história. De acordo com o coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur, estes dados enfatizam a urgência de tomarmos ações de redução de emissões antes que o futuro seja catastrófico.
Em janeiro do ano passado, o mundo possuía apenas cinco anos de emissões atuais para ter uma grande possibilidade de limitar o aquecimento global em 2ºC. A cada ano em que deixamos de diminuir as emissões, a chance do conseguirmos fica ainda mais baixa e os efeitos ainda mais severos. “Quantos recordes mais vamos ter que esperar para que o mundo realmente faça a migração para uma economia de baixo carbono”, se pergunta Nahur.
Os recursos do Green Climate Fund têm o potencial de apoiar comunidades de todo o mundo que são atingidas pelos impactos do nosso clima em rápida mudança. No Brasil, estes recursos poderiam ajudar a desenvolver as economias de forma sustentável e amenizar os problemas decorrentes das mudanças do clima. Porém, para começar a receber estes aportes, o governo precisa designar as instituições que fariam o gerenciamento do fundo – o que ainda não foi feito.
Enquanto isso, segundo dados do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, o Brasil poderá perder cerca de 11 milhões de hectares de terras agriculturáveis por causa das alterações climáticas até 2030. De acordo com o relatório da FAO (Organização da ONU para o Combate à Fome no Mundo), no fim do século 21 haverá uma redução de 22% das chuvas no Nordeste brasileiro, impactando profundamente na produção de alimentos.
Caso invista em ações de redução adicional de gases de efeito estufa, o país pode ter diminuição do desemprego e aumento de quase 4% em sua previsão do Produto Interno Bruto. Apesar de ter feito avanços no combate às mudanças climáticas, o Brasil - uma das primeiras potências a ratificar o Acordo de Paris -, continua dando sinais contraditórios em sua luta contra as mudanças do clima. Exemplos disso são o incentivo a termelétricas que passou pelo Congresso, mas – que após forte pressão da sociedade civil - foi vetado pelo presidente Michel Temer, o aumento do desmatamento anunciado no fim do ano e o projeto de lei que visa flexibilizar o licenciamento ambiental para alguns setores, como agricultura, silvicultura e pecuária. O PL 3.729/2004 do deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) possui pedido de urgência e aguardam votação na Câmara.
“Além deste, há diversos projetos de lei que buscam beneficiar grupos específicos em detrimento à saúde do planeta, das pessoas e da biodiversidade que aqui existem. É preciso que haja uma conscientização ampla de que investir na redução de emissões e viver de forma sustentável é possível e pode trazer resultados positivos para todos. O Green Climate Fund é mais uma alternativa para isso, mas que atualmente não é utilizada”, completa Nahur.
*atualizado em 19/01/2017