Monitoramento de golfinhos e baleias em prol da conservação da vida marinha
julho, 21 2016
O desafio para promover o equilíbrio e a conservação dos recursos marinhos
Raquel FreireO WWF-Brasil, por meio do Programa Marinho, assinou uma parceria com o Instituto Mar Adentro para a concretização do projeto de Monitoramento e Levantamento de Cetáceos do Monumento Natural do Arquipélago das Ilhas Cagarras (MoNa Cagarras) e áreas adjacentes. O principal objetivo da ação é coletar dados que funcionem como subsídios para criação de medidas de conservação e gestão de cetáceos (golfinhos e baleias). Outro parceiro desta iniciativa é a SOS Mata Atlântica, por meio do Programa Costa Atlântica.
De acordo com a coordenadora do Programa Marinho do WWF, Anna Carolina Lobo, é grande o desafio para promover o equilíbrio e a conservação dos recursos marinhos, e a parceria com ONGs locais se torna uma forte aliada para alcançar resultados. “A equipe do Mar Adentro é dedicada e está lutando pela conservação da região costeira do Rio de Janeiro, incluindo as ilhas. Vimos muita sinergia na forma de pensar, trabalhar e de chamar a atenção da sociedade”, expressa.
Liliane Lodi, coordenadora do projeto de monitoramento de cetáceos do Instituto Mar Adentro, explica que os esforços para planejamento de conservação requerem informações detalhadas sobre a distribuição da biodiversidade no espaço e no tempo. Assim, os dados obtidos por meio do levantamento e monitoramento irão auxiliar a determinação de áreas prioritárias para a conservação dessas espécies.
“As baleias e golfinhos são animais com alta mobilidade. Tipicamente, se deslocam por extensas áreas e o seu ciclo vital ocorre inteiramente no mar. Esses fatores e as dificuldades inerentes para a coleta de dados em campo explicam por que a distribuição geográfica desses animais ainda é pouco conhecida, quando comparada, por exemplo, com os mamíferos terrestres”, ressalta Liliane.
Até 2010, a região das Cagarras era utilizada por golfinhos-flíper como local de cria e socialização, seguindo um padrão sazonal. Mesmo com o constante monitoramento, em 2011 não foram avistados indivíduos na área, sendo que, em 2015, quatro foram reavistados e três novos identificados. Esse fato reconfirma a importância de um trabalho continuado.
O Projeto Ilhas do Rio, do Instituto Mar Adentro, acompanha, desde 2011, o Arquipélago das Cagarras e as ilhas Redonda e Rasa, área do segundo maior ninhal de fragatas do Brasil. Entre dezembro de 2015 e julho de 2016 o monitoramento de cetáceos ficou sem financiamento e teve que interromper suas atividades. Ao retomá-las, nas duas primeiras viagens de campo alguns eventos curiosos foram relacionados, como a presença de baleias-de-bryde nas proximidades da entrada da Baía de Guanabara durante o inverno; uma grande quantidade de baleias-jubarte próximas à costa sudeste e a aparição de uma espécie ameaçada de albatroz nunca antes registrada na área costeira da cidade do Rio de Janeiro.
Além das saídas técnicas, o monitoramento de cetáceos conta com mais de 4.600 colaboradores que auxiliam no mapeamento, praticando o que é chamado de ciência cidadã. Com vários parceiros trabalhando em rede, é possível manter sempre ativa a coleta de dados, atividade cara e dependente de financiamento.