Mapa revela situação do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu
outubro, 03 2011
Ao norte de Minas Gerais, mosaico ainda tem oito em cada dez hectares com vegetação de Cerrado, graças a unidades de conservação e modo de vida de populações tradicionais.
por Aldem BourscheitDesenvolvido pelo WWF-Brasil, o mapeamento do uso e da ocupação do solo para o mosaico de áreas protegidas Sertão Veredas-Peruaçu, em onze municípios do norte e noroeste de Minas Gerais e do sudoeste da Bahia (imagens ao lado), revela que oito em cada dez hectares da região ainda estão cobertos por diferentes tipos de formações de Cerrado.
O mapa foi apresentado em reunião do conselho do mosaico, na última sexta (30), em Formoso (MG). No início de dezembro, deve ser realizada uma nova reunião para disparar a elaboração de um "mapa colaborativo", quando serão inseridas e cruzadas mais informações sobre a ocupação e uso da terra, com participação de setores e populações interessados no uso e futuro da região.
Conforme o trabalho, que contou com a colaboração da Funatura (Fundação pró-Natureza) na preparação dos limites das unidades de conservação e do próprio mosaico, monoculturas têm destaque na região de Chapada Gaúcha e a leste de Sítio d´Abadia e Damianópolis.
Pastagens comerciais espalham-se mais pelas bordas do mosaico, ocupando 5% do mesmo, principalmente na margem esquerda do rio São Francisco, entre Cônego Marinho, São João das Missões e Miravânia, onde predominam as matas secas, que perdem as folhas na estação fria.
Plantios de eucalipto foram registrados ao sul e sudoeste, e também próximos ao núcleo do mosaico, a oeste de Miravânia. Também se destacam parcelas manejadas, ou alteradas, alcançando quase 8% do mosaico.
O mosaico tem sido alvo de planos para expansão de cultivos de eucalipto, de mineração, obras de infra-estrutura viária e para geração de energia.
Para o coordenador do Programa Cerrado-Pantanal do WWF-Brasil, Michael Becker, o mapeamento traz a possibilidade de se iniciar uma série anual de avaliações sobre a cobertura vegetal da região, promover a recuperação de áreas degradadas e a regularização ambiental de propriedades, formar ou manter corredores ecológicos entre unidades de conservação federais, estaduais, particulares e terras indígenas, e ainda direcionar novos estudos e ações para a própria consolidação do mosaico.
“Os mosaicos devem funcionar como pólos de desenvolvimento em bases que respeitem a ecologia regional, com gerenciamento integrado e participativo das áreas protegidas e de seus entornos. Algo fundamental para regiões como a do Sertão Veredas-Peruaçu, que abriga um dos mais belos patrimônios do Cerrado”, disse.
Com recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente e em parceria com os governos federal e de Minas Gerais, prefeituras e entidades civis regionais, foi elaborado pela Funatura um plano de desenvolvimento com diretrizes conservacionistas para o mosaico que inclui a implantação de uma “estrada-parque” com cerca de 400 quilômetros, com passagens para animais, estacionamentos e mirantes.
“O mapeamento também permite, por exemplo, avaliar possíveis impactos e oportunidades atreladas ao traçado da futura estrada-parque e de outras obras de infra-estrutura previstas para o mosaico, além de assentamentos e outras intervenções no uso e ocupação do mosaico”, lembrou Becker, do WWF-Brasil.
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